josé ildone favacho soeiro
José Ildone Favacho Soeiro nasceu em Vigia ao ano de 1942, é poeta, prosador e professor de Língua Portuguesa e Literatura luso-brasileira, tendo estudado no Grupo Escolar Barão de Guajará, em Vigia, e depois, em Belém, no Seminário Metropolitano, no Colégio Estadual Paes de Carvalho e na Universidade Federal do Pará.Formado em Letras no ano de 1976, José Ildone não apenas divulgou a Vigia Brasil afora, como também apoiou inúmeras atividades sócio-culturais da cidade (dirigiu a Sociedade Literária e Beneficente Cinco de Agosto e a Liga Esportiva e outras entidades locais) e lecionou durante décadas no local. Também exerceu influente carreira política no município: foi secretário municipal, vereador, vice-prefeito e prefeito, em eleições diretas.Um verdadeiro amante e defensor de sua terra natal, foi eleito Professor do Ano e Vereador do Ano, além de ter seu nome aposto em uma escola municipal de Vigia. Na capital do Estado, Belém, vem colaborando por várias décadas em jornais e revistas: Folha do Norte, A Província do Pará, O Liberal, Mensagem, Gol, Aspectos. Em 1981, ingressou na Academia Paraense de Letras (Cadeira nº 31), substituindo o desembargador Inácio de Souza Moita. Em 1987, colaborou com a TV Cultura na realização de um documentário sobre a cidade de Vigia e, no mesmo ano, foi homenageado pela Escola de Samba Estação Primeira da Vigia, com o samba-enredo José (Poeta) Ildone.Ademais, Ildone participou de encontros e congressos no Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, além de ter recebido convites para cursos de Administração Pública na Espanha e nos Estados Unidos. Diversos de seus poemas foram musicados e apresentados em público, em forma de jogral, na cidade de Belém e de Vigia. Dentre suas obras, José Ildone publicou, no gênero poesia, Tiradentes: Sangue Derramado pelo Ouro da Liberdade e Canto no Campo (1974 – 1º lugar no Concurso da Policia Militar do Estado do PA, nível universitário e 3º lugar no I Festival de Música e Poesia Universitária, respectivamente); Chão d’Água (1979 – Prêmios Vespasiano Ramos, da Academia Paraense de Letras, gênero poesia; leitura nos vestibulares de 1989 a 1991); Luas do Tempo (1983); Romanceiro da Cabanagem (1985); A Hora do Galo e Trilogia do Exílio (1987).Em prosa, o escritor vigiense produziu: História da Imprensa Oficial do Pará (1985); O Retorno às Cavernas (1989 – folhetim, 48 capítulos, publicado no suplemento semanal “Aqui Belém”, do Jornal O LIBERAL); Maria Nativa (1989/1990 – folhetim seguinte, interrompido pelo Plano Collor); Introdução à Literatura no Pará (1990 – co-autores: Clóvis Meira e Acyr Castro); Noções de História da Vigia (1991). A respeito da poética de Ildone, mais especificamente acerca de Chão d’Água, Abguar Bastos (apud Meira, Ildone e Castro, 1990: 231) assim a descreveu: Seu talento e sua ourivesaria vocabular não somente iluminam: Poeta de raça, eis aí. Ritmo na cadência dos tambores.Em se tratando de terras e mares, sensações de ondas cadenciadas [...] As jóias poéticas são muitas [...]. A saga das Vigilengas rescende às alegorias das epopéias mediterrâneas. Vai ao clássico-gongórico, num lampejo [...]. Ainda acerca da produção de Ildone, o acadêmico gaúcho Lothar Hessel (apud Meira, Ildone e Castro, 1990 : 231) afirma: “Telúrica poesia, a desse marajoara polimorfo, refletindo muito de perto as ambiências do grande vale, mas também transmutando-se pelo dom da grande poesia, apanágio de bem menos gente do que a gente pensa”.Em síntese, o que Bastos e Hessel comentam acerca da poética de José Ildone é justamente o que será discorrido na análise de Últimos Acordes, retomando à proposição inicial já mencionada: apesar da poesia de Ildone possuir fortes traços locais da cidade de Vigia, ela também apresenta os aspectos gerais que toda e qualquer poesia tal qual seja apresenta – volta se, pois, à querela local x universal.
_________________________________________________________________________________